


O Brasil perdeu quatro posições no
ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial entre 2011 e 2014.
O Relatório de Competitividade Global divulgado nesta
terça-feira avalia os principais pilares das economias mundiais, como
estabilidade macroeconômica, educação e solidez das instituições públicas, e os
traduz num índice. Segundo o Fórum, apesar de o indicador do Brasil ter
avançado de 4,32 para 4,34 nos últimos quatro anos, outras economias avançaram
mais. Com isso, o país passou da 53ª posição entre os mais competitivos,
em 2011, para a 57ª em 2014.
Em relação ao ano passado, dos 12
quesitos avaliados para compor o indicador, o Brasil só melhorou em
dois: Educação Superior, ao passar da 72ª posição para 41ª; e
Saúde e Educação Primária, saindo de 89ª para 77ª. Em dois deles, o
Brasil manteve a mesma colocação de 2013: Eficiência do Mercado de Bens (123º
lugar) e Tamanho do Mercado Consumidor (9º). Nos demais, houve
piora.
No quesito Instituições, o país passou de 80º lugar no
ano passado para a 94ª colocação neste ano. No critério Infraestrutura, que
avalia os investimentos feitos em logística e transporte, o Brasil passou
de 71º para 76º. Já em Macroeconomia, a piora fez com que o Brasil, a
sétima economia do mundo, passasse de 75º para 85º lugar, atrás de países
como Bolívia, Costa do Marfim e Guatemala. O relatório mostra ainda que,
em Eficiência do Mercado de Trabalho, importante indicador de
qualidade da mão de obra e produtividade, o Brasil perdeu 17 posições, ficando
no 109º lugar em 2014.
O documento enfatizou os
problemas de infraestrutura como indutores da piora no ranking. "O
declínio se deve, principalmente, aos progressos insuficientes em melhorar as
fraquezas de infraestrutura no transporte, além da deterioração do funcionamento
das instituições, com preocupações crescentes sobre a eficiência do governo e a
corrupção", afirma o levantamento. Segundo o economista Banat Bilbao
Osorio, um dos responsáveis pela elaboração do documento, o modelo econômico
colocado em prática no Brasil, que busca o aumento da presença do estado na
economia, acaba impedindo o avanço da produtividade. "A estabilidade
macroeconômica é crucial, e esse tem sido um dos problemas do Brasil nos
últimos anos", afirma.
Não à toa, o resultado do
Produto Interno Bruto (PIB) divulgado na última sexta-feira mostrou
que o Brasil entrou em recessão técnica, após dois trimestres
consecutivos de crescimento negativo. Houve também queda de 6,80% nos
investimentos, que é a ferramenta primordial para estimular o crescimento de um
país e gerar competitividade. Segundo Osorio, a desaceleração ou queda dos
investimentos estrangeiros indicam que um país caminha no sentido contrário ao
da produtividade. "O capital estrangeiro ajuda a prover acesso a melhores
tecnologias para as empresas locais. Ajuda também a melhorar a qualificação dos
profissionais. Mas é preciso haver avanço em competitividade. Caso contrário, o
capital se muda para outros lugares", afirma o economista.
O Brasil tem sido constantemente
comparado ao México em questões ligadas à economia. Segundo o relatório, o país
latino-americano teve uma piora em seu indicador e caiu 6 degraus, para 61º
lugar. Contudo, o texto aponta que suas perspectivas são boas porque as
reformas implementadas pelo atual presidente, Enrique Peña Nieto, devem surtir
efeitos nos próximos anos. "Quando os dados sobre o México foram
coletados, ainda não era possível verificar o resultado das reformas. Mas eles
são esperados para os próximos anos. No caso do Brasil, as reformas não estão
sendo feitas. Por isso a avaliação de perspectivas é pior", afirma Banat
Osorio.
América Latina - Entre países vizinhos, o Chile se
destaca. Em ambiente macroeconômico, por exemplo, ele está em 22º
lugar. Mesmo assim, diante da presença de países extremamente
anticompetitivos, como Argentina e Venezuela, na região, o Fórum Econômico
Mundial alerta que os países latino-americanos não estão avançando o suficiente
para lidar com os desafios da competitividade. A solução proposta é velha
conhecida: reformas estruturais e investimentos sérios e focados em
infraestrutura e inovação. "O Brasil, assim como os BRICS, precisará
implementar reformas e se comprometer em fazer investimentos produtivos.
Esta estratégia é não apenas importante, mas urgente para que o Brasil reforce
sua resiliência", afirma o relatório.
A
crise não é desculpa - O relatório mostra que diversos
países europeus fortemente atingidos pela crise de 2008/2009, como Espanha (35º
colocado), Portugal (36º) e Grécia (81º) fizeram um grande
esforço para melhorar seus indicadores de competitividade. Primeiramente, eles
trabalharam em melhorias no funcionamento de seus mercados para evitar
problemas como os vistos anos antes. Em segundo lugar, apostaram
em incentivo à produtividade.
BRICS - A China não é apenas a que mais
cresce entre os BRICS, grupo de países emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China
e África do Sul). Ela é também o país do bloco com o maior índice de
competitividade. No último ano, o gigante asiático pôs em curso uma série de
medidas para moldar seu sistema regulatório, estimular a abertura da economia à
iniciativa privada e dar mais segurança aos investidores. O resultado foi a 28ª
colocação no ranking, acima da que havia sido alcançada no ano anterior.
Fonte: http://veja.abril.com.br/
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