
“Uma
das prioridades do meu governo é o combate sem tréguas à corrupção”, recitou
Dilma Rousseff em Nova York, esforçando-se para envergonhar o Brasil na ONU sem
parar de tapear o eleitorado. Na sexta-feira, já de volta ao Planalto, a
protetora da turma que, patrocinada pelo governo, faz bonito no campeonato
mundial da corrupção recomeçou o espancamento da verdade.
“No meu segundo mandato, uma das
coisas que pretendo atacar é a impunidade, com o fortalecimento das
instituições que fiscalizam e punem atos de corrupção, lavagem de dinheiro e
outros crimes financeiros”, fantasiou já na abertura da entrevista coletiva.
Foi a continuação da interminável Ópera dos Vigaristas, que estreou há 12 anos
com reedições mensais, tornou-se um clássico no capítulo do mensalão (veja o
vídeo do Implicante) e hoje afronta o país com atualizações semanais.
Até um estagiário sem filiação ao PT
sabe que Dilma fez, faz e continuará a fazer o diabo para perpetuar a corrupção
impune que Lula institucionalizou. Os entrevistadores presentes, caprichando na
cara de paisagem, limitaram-se a anotar o que a candidata dizia. A cordura
sugere que concordam com Dilma: o papel da imprensa é divulgar o que diz um
governante, sem incomodar o declarante com réplicas, dúvidas ou mesmo pedidos
de esclarecimento.
Nenhum deles ousou perguntar por que
a presidente não fez no primeiro mandato o que a candidata promete fazer no
segundo. Ninguém lembrou à defensora das instituições fiscalizadoras ou
punitivas que o seu governo emasculou os órgãos de controle interno, vive
obstruindo o avanço de investigações da Polícia Federal que sobressaltam
meliantes de confiança e intensifica o aparelhamento do Judiciário com
nomeações repulsivas, fora o resto.
A caçadora de corruptos só existe
enquanto dura um palavrório eleitoreiro. No Brasil real, o que há é uma
nulidade que, no comando do governo formado por incapazes capazes de tudo, age
o tempo todo como amiga, admiradora e comparsa de todos os companheiros
delinquentes. Foi assim no escândalo do mensalão, inspirador do vídeo em que
contracenam vilões e homens da lei. No primeiro grupo, falta a presidente que
desfigurou o elenco com a substituição de ministros honrados por ministros da
defesa de culpados. Fez isso para garantir aos corruptos condenados um final menos
infeliz.
Na coletiva, os entrevistadores nem
tocaram no assunto. Coerentemente, tamb[em ficou fora da conversa o papel
desempenhado por Dilma na sequência de absurdos que reduziram a Petrobras a uma
usina de bandalheiras bilionárias. A ministra de Lula avalizou a infiltração de
corruptos na cúpula da estatal. A chefe da Casa Civil negou-se a apurar as
primeiras denúncias sobre o ovo da serpente. A presidente do Conselho endossou
negociatas de dimensões amazônicas. A chefe do governo só não presidiu o
velório da Petrobras porque a Polícia Federal capturou alguns coveiros e
interditou o necrotério.
O amável diálogo de sexta-feira
passou ao largo de questões incômodas porque, aos entrevistadores, pouco
importa o que efetivamente interessa aos brasileiros que bancam o prejuízo.
Como a entrevistada, eles também imaginam que besteirol presidencial é notícia
a divulgar com destaque e sem ressalvas. E acham que merece virar manchete
qualquer mentira de bom tamanho contada pela madrinha de meliantes fantasiada
de Mãe da Pátria.
A mais recente fez de conta que a
Padroeira dos Corruptos resolveu castigar os criminosos que sempre acobertou
Fonte: http://veja.abril.com.br/
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