
Preso na sétima fase da Operação Lava Jato, o diretor da Divisão
de Engenharia Industrial da empresa Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca,
afirmou à Justiça que a empreiteira pagou 8,8 milhões de reais, de 2010
a 2014, em propina para um emissário da diretoria de Serviços da
Petrobras, comandada por Renato Duque, indicado pelo PT para o cargo.
A defesa de Erton Fonseca
enviou notas fiscais e tabelas que, segundo o empreiteiro, comprovam a
cobrança e o pagamento de propina. Ele afirma que “a Galvão Engenharia foi
impingida a pagar à empresa LFSN Consultoria Engenharia entre os anos de 2010 e
2014, por determinação de Shinko Nakandakari”. O último repasse, segundo os
comprovantes anexados pela empreiteira ao inquérito, são de junho deste ano,
quando a Lava Jato já havia sido deflagrada.
Nas notas fiscais da LSFN Consultoria Engenharia, a empresa chega a discriminar os impostos supostamente pagos sobre o valor total da propina. Para dar ares de veracidade, a empresa cita legislações tributárias para simular o recolhimento, por exemplo, de Imposto de Renda. O valor líquido dos comprovantes seria de 8,317 milhões de reais.
Nas notas fiscais da LSFN Consultoria Engenharia, a empresa chega a discriminar os impostos supostamente pagos sobre o valor total da propina. Para dar ares de veracidade, a empresa cita legislações tributárias para simular o recolhimento, por exemplo, de Imposto de Renda. O valor líquido dos comprovantes seria de 8,317 milhões de reais.
Nakandakari é apontado como o
responsável por recolher os recursos ilegais cobrados das empresas interessadas
em participar de obras envolvendo a Petrobras. De acordo com as investigações,
ele se apresentava como emissário da diretoria de Serviços da Petrobras,
comandada por Duque.
O braço direito de Renato Duque na diretoria da
estatal, Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços, assinou um
acordo de delação premiada, confessou que participava ativamente da cobrança de
propina na petroleira e se propôs a devolver quase 100 milhões de dólares – a
maior cifra a ser devolvida até o momento pelos investigados da Lava Jato.
A apresentação de documentos pela
Galvão Engenharia é uma tentativa da defesa de afirmar que está colaborando com
as investigações e que, por isso, a prisão de Erton Fonseca não seria mais
necessária.
Segundo a versão do representante da
empreiteira, havia “efetiva ameaça de retaliação” e uma pressão de “maneira
arbitrária, ameaçadora e ilegal” para que os pagamentos dos valores fossem
realizados. Em sua manifestação à Justiça Federal do Paraná, o dirigente se
propõe a participar de uma acareação com o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa e com o doleiro Alberto Youssef para comprovar
suas informações. Costa e Youssef são os principais delatores do esquema
bilionário de desvio de recursos públicos e fraude em licitações envolvendo a
estatal do petróleo. Ambos aceitaram fazer acordos de delação premiada em troca
de benefícios judiciais.
Em novos documentos encaminhados à
Justiça nesta segunda-feira, a Galvão Engenharia ainda apresenta registros de
que não teria participado de determinadas obras, indicando que a participação
em empreendimentos estava condicionada ao pagamento de propina. Em um dos
casos, o de contratação de tubovias para o Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro (Comperj), a empresa diz ter vencido o certame, mas depois foi
inabilitada pela Petrobras por “inexequibilidade da obra”. O caso foi analisado
pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que afirmou que “a comissão de
licitação, sem motivo fundamentado, deixou de acolher proposta que traria
economia à Petrobras da ordem de 163 milhões de reais”.
Fonte: http://veja.abril.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário