
Uma série de
irregularidades no transporte escolar de Cachoeira Grande, Lago
da Pedra, São João do Sóter, Miranda do Norte e Presidente Vargas foi constatada por uma auditoria
realizada pelos ministérios públicos Estadual (MPE), Federal (MPF), de Contas,
Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU). Um relatório preliminar
sobre os problemas encontrados foi divulgado nesta quinta-feira (28), em São
Luís, em entrevista coletiva.
Segundo os
promotores de Justiça e auditores da CGU que participaram da operação ‘Dia T -
Pau de Arara’, foram encontrados problemas que vão desde as condições de
segurança dos veículos, a qualidade do serviço, o cumprimento das rotas e
também as despesas executadas com a prestação do transporte escolar; em
Cachoeira Grande, Lago da Pedra, São João do Sóter,
Miranda do Norte e Presidente Vargas.
A
abrangência dos trabalhos nos cinco municípios é referente aos anos de 2013 e
2014, no valor de R$ 9.002.939,62. Para investigar a situação do transporte
escolar, foram ouvidos alunos, motoristas, representantes das empresas
contratadas, além da inspeção dos veículos, documentos e contratos de licitação.
Em relação à
segurança dos estudantes, foram detectados veículos e motoristas sem
documentação e automóveis deteriorados. Também foram descobertos vícios nos
processos de licitação, empresas de fachada, sem veículos próprios ou com
veículos irregulares, sublocação integral dos contratos, superfaturamento e
abastecimento dos veículos pelas próprias prefeituras, mesmo quando o contrato
prevê essa obrigação para as empresas. “Há casos, ainda, de empresas
contratadas que não prestam o serviço, deixando as crianças sem acesso às
escolas”, afirma o chefe da CGU no Maranhão, Francisco Alves Moreira.
A
auditoria detectou, ainda, que a maior parte das empresas licitadas nos cinco
municípios não tem frota de veículos, inviabilizando a execução do transporte
escolar. “As empresas não existem nos endereços declarados”, disse a promotora
de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional (CAOp) da Educação do
MPMA, Sandra Soares de Pontes.
Segundo
a promotora de Justiça, "as informações obtidas na auditoria vão embasar
os inquéritos civis e as futuras ações por improbidade administrativa contra
gestores e demais fraudadores dos recursos públicos destinados à
educação".
á a
procuradora-chefe da Procuradoria da República no Maranhão, Carolina da Hora,
classificou os problemas como ‘condutas duvidosas’. “Um exemplo é quando o
gestor municipal resolve licitar o serviço de transporte escolar. O gasto com a
locação é maior do que a compra de veículos novos”.
Rede criminosa
Durante a entrevista coletiva, o delegado da Polícia Federal, Fabrizio Garbi, afirmou que os desvios de recursos não envolve apenas uma pessoa, mas uma organização de criminosos. “Não podemos detalhar investigações em curso, mas há indícios de uma rede para desviar tais recursos”.
Durante a entrevista coletiva, o delegado da Polícia Federal, Fabrizio Garbi, afirmou que os desvios de recursos não envolve apenas uma pessoa, mas uma organização de criminosos. “Não podemos detalhar investigações em curso, mas há indícios de uma rede para desviar tais recursos”.
No
mesmo sentido, o procurador do Ministério Público de Contas, Jairo Cavalcanti
Vieira, alertou sobre o papel da população como auxiliar dos órgãos de
controle. “Os municípios têm dinheiro. Qualquer prefeito que disser o contrário
está mentindo. O dinheiro é recebido e na maioria das vezes é desviado,
comprometendo o futuro das crianças e de toda uma geração”, concluiu.
Acidentes e flagrantes
As irregularidades no transporte escolar têm sido verificadas com frequência no Maranhão. Em abril, oito estudantes secundaristas morreram em um acidente na MA-303, entre Bacuri e Apicum-Açu. De acordo com a Prefeitura de Bacuri, cerca de 30 estudantes estavam no veículo.
As irregularidades no transporte escolar têm sido verificadas com frequência no Maranhão. Em abril, oito estudantes secundaristas morreram em um acidente na MA-303, entre Bacuri e Apicum-Açu. De acordo com a Prefeitura de Bacuri, cerca de 30 estudantes estavam no veículo.
Um
mês depois uma equipe da TV Mirante flagrou estudantes da zona rural de
Timbiras, a 280 km de São Luís, sendo transportados em um caminhão
'pau-de-arara'. Na época, a Secretaria de Educação de Timbiras informou que
existiam quatro microônibus novos fazendo o transporte escolar no município,
mas admitiu que o número é insuficiente.
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