
Os médicos estrangeiros estão sofrendo todo tipo de humilhação
no Brasil. Nos estados onde o programa Mais Médicos, do Governo Federal está
sendo aplicado, são constantes os relatos de desrespeitos e humilhações.
No Maranhão, o governo Roseana Sarney (PMDB) para não levar a
culpa pela morte de uma criança, o secretário de Saúde, Ricardo Murad, que é
cunhado de Roseana, mandou “tomar as providencias”, o negócio é que chamaram o
Secretário de Segurança para prender e exibir nos principais jornais do estado
o médico como sendo um “impostor” (falso médico), sem ao menos ouvi-lo.
A história se complicou, quando resolveram ouvi-lo e souberam
que o nigeriano é formado e possui diploma.
Fiquem abaixo com a entrevista feita como o
médico nigeriano, onde relata ao siteMaranhão da Gente toda trauma sofrido:
Por Camila Rocha, do Maranhão
da Gente
Kinglsley Ify Umeilechukwu afirma que foi preso simplesmente por
ser negro e ressalta que a prisão além de ter motivação racista serviu para
esconder os problemas existentes na área de saúde como a falta de vacina
anti-rábica nos hospitais
Kinglsley Ify Umeilechukwu afirma que foi preso simplesmente por
ser negro e ressalta que a prisão além de ter motivação racista serviu para
esconder os problemas existentes na área de saúde como a falta de vacina
anti-rábica nos hospitais
O médico Kinglsley Ify Umeilechukwu, preso na tarde do último
sábado (23) em Bacuri, acusado do exercício ilegal da profissão, conversou a
com redação do site Maranhão da Gente explicando os problemas que envolveram a
prisão dele, ocorrida na semana passada e considerada pelo médico uma atitude
arbitrária. Ele adiantou que irá processar o Estado por danos morais e assédio.
Maranhão da Gente: Por que você veio para o Brasil e desde quando presta serviço em
nosso país?
Kinglsley: Estou há quase seis anos no Brasil. Me formei em Medicina e
exercia minha profissão no meu país normalmente, quando recebi um convite da
UFMA para vir fazer uma especialização na área de ortopedia no Hospital Dutra.
Para regularizar a minha situação prestei o Revalida em dois estados, Mato
Grosso e Minas Gerais. No Mato Grosso entrei com uma ação judicial para
ter a prova reconhecida. Em Minas Gerais, já fui aprovado e começo o curso
complementar agora em Janeiro de 2014. São muitas as exigências, inclusive
referente ao idioma e eu já fiz a prova em Belém e fui aprovado.
Maranhão da Gente: Existem outros companheiros da Nigéria atuando no Maranhão?
Kinglsley: Se existem, eu desconheço. Conheço apenas o meu cunhado, o
Patrick Emanuel, que já está formado há mais de trinta anos pela UFMA e
trabalhando aqui no interior do Maranhão.
Maranhão da Gente: O que de fato aconteceu para que você viesse a ser preso, sem
a devida apuração?
Kinglsley: Eles me prenderam simplesmente porque eu sou negro. Porque não
aceitam ou admitem que negros, como eu, podem sim exercer a medicina, ter
oportunidade de estudar, de trabalhar e de prestar serviço a outras pessoas.
Quando me prenderam sequer me perguntaram se eu tinha ou não a documentação. A
minha maior revolta é que me colocaram na televisão como um bandido, como um
assassino. Eu pedi para falar com a imprensa, eles me colocaram numa sala e me
impediram até de explicar o que aconteceu no hospital. O que eles queriam era
mascarar as péssimas condições de trabalho da saúde pública. Queriam esconder
que menina morreu porque não tinha vacina no posto médico. E está tudo
documentado. Eu não era o médico responsável, estava lá apenas acompanhando o
Dr. Ubiratan, o verdadeiro médico responsável. O grande problema é a cor da
minha pele, o meu cunhado, assim como eu, também passa por constrangimentos.
Tudo isso foi orquestrado para me prejudicar.
Maranhão da Gente: Você pretende processar o Estado por todo esse constrangimento?
Kinglsley: Sem dúvida. Eu não posso ficar calado com tanta estupidez. Me
deixaram exposto e não me deram direito de defesa. Nunca me passei por médico,
eu sou médico. Não estou autorizado a exercer a Medicina aqui no Brasil por uma
questão burocrática e respeito isso, mas não podem me tirar o direito de
acompanhar um profissional do país para aprender, para a aprimorar a prática
profissional
Nenhum comentário:
Postar um comentário