CIDADE VIOLENTA
Capital maranhense – 15ª mais violenta no mundo – teve crimes
bárbaros neste mês, como um linchamento, uma chacina e um esquartejamento
OSWALDO VIVIANI (JP)
Eram quase 19h de sexta-feira
(28) quando Alberte Galão Lima, de 19 anos, foi abordado por homens que estavam
num Corsa preto, diante de um clube de reggae na Vila Isabel Cafeteira
(periferia de São Luís), onde começava uma festa. Os homens não falaram nada,
já chegaram atirando. Atingido por vários tiros, Alberte foi socorrido pelo
dono do clube, Itamar Cantanhede Machado, de 46 anos, mas morreu antes de
chegar ao hospital. Horas depois, cerca de 22h, sem clima para festas, Itamar
fechava o clube quando viu ao menos seis homens se aproximarem, em duas motos e
um carro. Também não houve conversa. Os criminosos crivaram Itamar de balas com
pistolas ponto 40, arma exclusiva das forças de segurança, mas que tem seu uso
disseminado por bandidos na capital maranhense.
Itamar Machado foi a 77ª vítima
de assassinato no mês de março na Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar,
Paço do Lumiar e Raposa). Na manhã de ontem seria encontrada, numa estrada do
Araçagi, a 78ª pessoa assassinada neste mês na Ilha – Wellington Silva Barros,
25 anos, vítima de tiros (ver matéria na última página).
Na capital maranhense – a 15ª
cidade com mais homicídios no mundo, segundo levantamento elaborado pela ONG
mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal – foram mortas
59 pessoas (até a manhã de ontem) no mês de março.
No mesmo período, 13 foram
assassinadas em São José de Ribamar e 6 em Paço do Lumiar. Até a manhã de
ontem, o município de Raposa não havia registrado nenhum homicídio neste mês.
No ano, já ocorreram 258 crimes
de morte na Ilha – 100 em janeiro; 80 em fevereiro; e 78 em março (até a manhã
de ontem). A média é de 3 assassinatos por dia.
Os dados são da própria
Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA), que atualiza as
informações de seu portal diariamente.
São Luís é, de longe, entre os
quatro municípios da Ilha, o que teve mais registros de homicídios neste ano:
178 (até a manhã de ontem). Na capital, aconteceram 60 crimes de morte em
janeiro; 59 em fevereiro; e 59 em março.
São José de Ribamar vem em
segundo lugar, com total de 44 assassinatos no ano – 15 em janeiro; 16 em
fevereiro; e 13 em março.
Paço do Lumiar, no 3º posto, teve
13 registros de homicídios no ano (4 em janeiro, 3 em fevereiro e 6 em março),
enquanto Raposa – o município menos violento da Ilha – somou apenas 3 crimes de
morte no ano (1 em janeiro; 2 em fevereiro; e nenhum em março).
Assassinatos bárbaros marcaram o
mês de março em São Luís, como uma chacina, um linchamento – crime cada vez
mais comum no Maranhão – e um esquartejamento.
Carlos Henrique Pires Moraes, 19
anos, Jamerson Araújo da Cunha, da mesma idade, e Leanderson B. Pereira, 18,
foram mortos a tiros por desafetos na Lagoa da Jansen. Carlos e Jamerson
morreram no local, na noite de 16 de março. Leanderson foi socorrido, mas
morreu no dia 18. Quatro pessoas suspeitas de executar a chacina foram presas.
Paulo Henrique Veras Trindade, 31
anos, foi espancado até a morte por populares, na manhã do dia 22, após cometer
um assalto no Cohaserma.
Mas o crime que mais repercutiu no
mês foi o assassinato da estudante de jornalismo Dahlia Natália Ferreira, 22
anos, cujo corpo foi encontrado na noite de 23 de março, esquartejado, na
lixeira de um condomínio na Forquilha, em São Luís. O namorado dela, Raphael
Carvalho Machado, 28 – que se matou por enforcamento após a descoberta do
corpo, no dia 27 – é o principal suspeito de ter cometido o homicídio.
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