quinta-feira, 27 de março de 2014

Governo paga viagem de jornalistas gringos para falarem bem do Brasil, mas ao visitar o país os jornalistas são assaltados



Para divulgar os destinos turísticos de três cidades-sede da Copa do Mundo e melhorar a imagem do Mundial e do Brasil no exterior, o governo federal resolveu trazer seis jornalistas estrangeiros para uma viagem de luxo ao país em março, mas o tiro saiu pela culatra — o grupo de correspondentes, todos de grandes veículos da imprensa internacional, sofreu uma tentativa de assalto no Rio de Janeiro. Além da capital fluminense, os jornalistas da Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos conheceram Manaus e Fortaleza.

Tudo havia corrido bem até a parada final do roteiro de sete dias (do dia 16 ao dia 22 de março) no Rio de Janeiro. Em sua primeira noite na cidade, os jornalistas resolveram ficar um pouco mais no restaurante em que jantavam e depois voltar andando pela praia de Ipanema até o hotel onde estavam hospedados, sem a companhia de representantes do governo brasileiro.
No meio do caminho, por volta das 2h, foram abordados por um grupo de adolescentes armados com facas, que prontamente começaram a arrancar os relógios dos pulsos e enfiar as mãos nos bolsos dos jornalistas enquanto os rendiam. Assustados, os estrangeiros começaram a gritar e foram socorridos por transeuntes, que se aproximaram da cena e espantaram os ladrões, que fugiram sem levar nada.
A viagem foi uma iniciativa da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) com a Secretaria de Comunicação Internacional da Presidência da República. Este tipo de ação é comum mundo afora. Mas neste caso, o esforço de propaganda e divulgação internacional do Brasil e da Copa têm resultados questionáveis, considerando o susto no Rio de Janeiro e o que foi publicado no exterior sobre a viagem.
A aventura da tentativa de assalto acabou integrando a reportagem que o jornalista Ian Hebert escreveu para o jornal inglês “The Independent” no dia 23, com o título  ”Copa 2014: é caos no Brasil, mas não entre em pânico”. A reportagem, bem-humorada, além de falar sobre a tentativa de assalto, versa sobre o atraso na entrega dos estádios e os problemas de infraestrutura nacionais, como demoras e caos nos aeroportos e a debilidade dos sistemas de transporte público.
Em entrevista ao UOL Esporte, o repórter inglês narrou o incidente: “Depois do jantar, resolvemos andar do restaurante até a praia, que era um percurso de três minutos”, diz ele. “A rua estava deserta. Sem que percebêssemos, um grupo de jovens nos abordou, já pedindo dinheiro e celulares. Houve uma discussão, começamos a gritar e chamar a atenção. Quando eu já estava tirando o meu relógio, um casal se aproximou também aos gritos, e os ladrões saíram correndo com medo”.
Apesar do ocorrido, Herbert afirmou que não ficou com uma má impressão do Brasil. “Não gostaria de deixar como marca desta nossa viagem este episódio lamentável. Nós fomos muito bem tratados no Brasil. Conhecemos lugares e cidades maravilhosas”, disse.
Sobre o que espera da Copa, Herbert diz: “Turistas europeus poderão ficar irritados com filas em aeroportos ou falta de estrutura em transportes, mas é preciso entender que o Brasil é um país em desenvolvimento, que está se esforçando para oferecer uma estrutura de países desenvolvidos nesta Copa”.
Fonte: UOL


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