quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Marina reforça tom emocional: 'Sei o que é viver em favela'


A candidata Marina Silva (PSB) chega à favela de Paraisópolis em São Paulo/SP

A candidata do PSB ao Palácio do Planalto, Marina Silva, visitou nesta quarta-feira a favela de Paraisópolis, em São Paulo, e voltou a adotar um discurso emotivo como meio de estancar sua queda nas pesquisas de intenção de voto


Afirmou que sabe o que é viver numa favela e prometeu não apenas manter como ampliar o programa Bolsa Família. Sobre os resultados das pesquisas, disse que está confiante de que chegará ao segundo turno. “A sociedade brasileira e eu já estamos no segundo turno. Temos plena convicção de que os brasileiros não vão transformar essas eleições em um plebiscito. Uma eleição em dois turnos é uma oportunidade de a sociedade debater e escutar duas vezes”, afirmou. Pesquisa Datafolha divulgada nesta terça mostra que o tucano Aécio Neves, com 20% da preferência do eleitorado, encostou na ex-senadora na busca por uma vaga no segundo turno. Marina oscilou negativamente, de 27% para 25%. A presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) se manteve no patamar de 40%.
Numa espécie de palanque montado no centro da favela, Marina fez duras críticas aos seus principais adversários na disputa à Presidência. Rebateu as acusações de que sofre de "desvio de caráter", feitas pela presidente Dilma Rousseff sobre o seu posicionamento em relação à CPMF. “Falta de caráter é vir numa comunidade como essa, prometer um hospital e não cumprir o compromisso depois de quatro anos de governo. Isso é que é mentira. O hospital prometido pela presidente Dilma Rousseff não se transformou em realidade. No dia 5 de outubro, o povo vai escolher entre o Brasil de fantasia e da propaganda eleitoral, e o Brasil real, de compromissos”, disse a ex-senadora referindo-se a um hospital prometido pela petista na campanha de 2010 e que ainda não foi construído.
Marina também atacou Aécio, dizendo que ele não apresentou um programa de governo "a tempo de ser debatido". "Nós vamos continuar fazendo o esforço de respeitar e debater o Brasil. A presidente Dilma não apresentou programa, e o senador Aécio apresentou, faltando apenas cinco dias para a eleição. Obviamente não terá tempo de debater", disse.
A pessebista também comentou a declaração feita, em vídeo, pelo deputado petista Durval Ângelo, dizendo que Dilma só conseguiu subir nas pesquisas eleitorais em Minas Gerais por causa do empenho de funcionários dos Correios. Segundo Marina, essa prática mostra o "aparelhamento do Estado" feito por candidatos que querem se reeleger "a qualquer custo, não importando o meio". "A reeleição é uma chaga, que inaugurou o mensalão no Congresso Nacional. Reeleição cria uma situação de aparelhamento, de confusão entre o partido e o Estado. Esse tipo de prática deve ser condenada pela Justiça Eleitoral", disse a candidata. 
A ex-senadora foi recebida no local com apresentações de ballet e de uma orquestra, patrocinadas pela Associação dos Moradores de Paraisópolis. Em um discurso dirigido aos moradores da favela, Marina lembrou da sua infância pobre no Acre e reiterou que "não só vai manter o Bolsa Família como vai ampliá-lo". “Eu sei o que é morar em uma comunidade, sei das dificuldades que vocês passam. Até os 16 anos eu era analfabeta, já passei fome e morava na floresta”, disse, em tom emocional e com a voz rouca. Em seguida, descreveu o primeiro dia em que pisou em uma escola e foi alfabetizada, quando, segundo ela, aprendeu a "somar os sons das palavras".
O ex-presidente da Associação e candidato a deputado estadual pelo Pátria Livre, Gilson Rodrigues, conduziu o evento e apresentou Marina aos moradores da favela - em seu material campanha, Rodrigues aparece ao lado da ex-senadora. Nas duas últimas eleições, a entidade apoiou a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. "Nós somos uma comunidade pé quente. Os dois últimos candidatos que estiveram aqui foram eleitos", disse Regiane dos Santos, atual presidente da associação, antes do discurso de Marina. Segundo Rodrigues, a decisão de apoiar Marina ocorreu porque Dilma não cumpriu a promessa de trazer melhorias para a favela. "Tem um terreno vazio reservado para receber o hospital, mas não fizeram nada ainda", disse Rodrigues. 
Um mês antes de morrer, Eduardo Campos fez uma visita à favela de Paraisópolis, e prometeu que, se eleito, voltaria ao local. Marina reafirmou a promessa e disse que construirá no local o hospital prometido pela presidente. Enquanto a ex-ministra discursava, alguns moradores cantavam: "Eduardo presente, Marina presidente". Após a apresentação de ballet, Marina brincou com as meninas bailarinas: "Estou me sentido em casa com tanto coque", em referência ao seu penteado característico.

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