
Em seus discursos pós-votação neste domingo, os
candidatos Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva fizeram um primeiro gesto na
direção um do outro. Aécio disse que todos que puderem contribuir com seu
projeto "serão muito bem-vindos".
"Tenho enorme respeito pessoal
pela ex-ministra e senadora Marina Silva", afirmou o presidenciável, que
terminou o primeiro turno com 33% dos votos. Já Marina, em evento na capital
paulista na noite deste domingo, lançou mão do 'marinês' para sinalizar que um
apoio é possível, mas apenas se houver "coerência" com seu programa
de governo. "Nossos partidos vão tomar uma decisão. Mas temos de ser
coerentes com o sentimento de uma mudança qualificada. A sociedade brasileira
está dizendo que não quer o que está ai", afirmou a ex-senadora, sugerindo
que seu apoio terá um preço. "Vamos nos manter fiéis ao nosso
programa", afirmou a senadora.
Marina ficou de fora
da disputa presidencial após receber 21% dos
votos neste domingo.Durante o discurso de
encerramento do primeiro turno, voltou a se posicionar como líder da Rede
Sustentabilidade, partido que não conseguiu cumprir todas as formalidades de
criação a tempo de disputar as eleições deste ano. "Eu
faço parte de um partido, ainda que seja um partido clandestino", disse
Marina. Só depois ela mencionou a coligação, encabeçada pelo PSB, que lhe
deu apoio na corrida presidencial: "Temos uma aliança com vários partidos e o que
decidimos é que queremos tomar uma decisão conjunta. Que terá como base o nosso
programa."
Emissários tucanos já se
movimentam para abordar lideranças da Rede e do PSB. O
economista Eduardo Giannetti, um dos principais conselheiros de Marina, já
declarou apoio a Aécio. Outro "marineiro" que pode ajudar a costurar
um entendimento com o PSDB é o deputado federal Walter Feldman, ex-tucano.
No PSB, a viúva de Eduardo
Campos, Renata Campos, pode dar testemunho da amizade entre seu marido e Aécio,
e abrir um palanque para o PSDB em Pernambuco — onde o candidato socialista,
Paulo Câmara, venceu com 68% dos votos, e a própria Marina obteve a marca
expressiva de 48%. Beto Albuquerque, vice na chapa de Marina, e
Márcio França, vice de Geraldo Alckmin, governador reeleito de São
Paulo, são outros socialistas que devem advogar por uma aliança com o
candidato tucano.
"Nossos
eleitores não foram eleitores de voto útil, mas foram eleitores de um programa
de governo. Nós vamos manter isso", disse Albuquerque ao site de VEJA.
"Meu partido vai se reunir e nós vamos discutir isso para saber para
onde vamos, mas, pessoalmente falando, eu teria muita dificuldadeem votar
numa candidatura que desferiu todo tipo de golpe contra nós, que é a
candidatura da Dilma."
Presidente interino do PSB (e
amigo de longa data do ex-presidente Lula), o pernambucano Roberto Amaral
preferiu não se manifestar sobre os rumos do partido no segundo turno, mas
deixou claro que as discussões começam imediatamente. "As pressões podem
vir, mas quem vai decidir pelo PSB é o PSB, a partir de uma consulta que
eu começo amanhã", disse.
O
aceno de Aécio — Em
sua coletiva à imprensa em Belo Horizonte, uma das primeiras frases proferidas
pelo presidenciável tucano foi em homenagem a Eduardo Campos. Para o tucano, seu desempenho eleitoral na casa dos 33% revelou
“números muito acima das melhores expectativas”. E ele emendou: "É hora de unirmos as forças. A minha candidatura não é mais a
candidatura de um partido político ou de um conjunto de alianças. É o
sentimento mais puro de todos os brasileiros que ainda têm a capacidade de se
indignar, mas principalmente a capacidade de sonhar. Vamos acreditar que é
possível, como sempre acreditei, dar ao Brasil um governo que una decência e
eficiência.” Sonhático. Ou quase.
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