segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Polícia deixa para prender o Junior Bolinha somente após a realização de um churrasco e um sequestro para cobrar uma dívida

Facilitação da 'fuga' de Júnior Bolinha da cadeia vai muito além da ajuda de policial e vigia de plantão, conforme acabou revelando a delegada Cristina Rezende. Foto: Reprodução
Atual7
Em entrevista à Rádio Mirante AM, na manhã desse domingo (22), a delegada geral da Polícia Civil do Maranhão, Maria Cristina Resende, acabou revelando – tentando mostrar trabalho – que a cúpula da Secretaria de Estado da Segurança Pública foi quem permitiu a ‘fuga’ do preso Raimundo Sales Chaves Júnior, o ‘Júnior Bolinha’, agora transferido para o Centro de Detenção Provisória, o CDP, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, justamente no período de intensas rebeliões, sempre com decapitações.
Preso na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV) por participação no assassinato do jornalista e blogueiro Décio Sá, Bolinha teria ‘fugido’ da carceragem, com o consentimento da Polícia Civil, para cobrar um empresário – a quem já havia ameaçado antes várias vezes mesmo estando na cadeia – a importância de R$ 180 mil. Como já estava fora da cela, ele teria aproveitado ainda para, antes, promover um churrasco num sítio na Pirâmide – o mesmo onde promovera orgias com a participação de Jonathan de Souza Silva, pistoleiro contratado para executar o jornalista.
A revelação de que a própria cúpula da Segurança Pública cometeu crime de corrupção passiva e facilitação da ‘fuga’ foi dada quando a delegada geral informou que a polícia já vinha monitorando os passos de Júnior Bolinha na prisão. Segundo Cristina Resende, mesmo sabendo que ele ‘fugiria’ e que já estava fora da DRFV, a polícia só o prendeu após a realização do churrasco e, pior, após ele ter sequestrado o empresário para cobrar a dívida. Também em atraso, o policial civil José Ribamar da Conceição Martins e o vigilante Reginaldo Nunes da Silva, envolvidos da ‘fuga’, só foram autuados após a prisão de Bolinha.
‘Estávamos monitorando as condutas dele e das pessoas que o rodeiam. Estava havendo uma ameaça a um empresário que devia uma quantia em dinheiro a ele por parte do próprio Bolinha, por parte do advogado e de parentes dele’, revelou a delegada, confessando – registra-se, sem perceber – o crime cometido por toda a cúpula da polícia.
Ela ainda acusou a polícia de ser co-autora do sequestro e cárcere privado praticado pelo preso ‘fugitivo’, ao confessar que a polícia, na estratégia atrapalhada de monitoramento, colocou a vida do empresário em risco, ao permitir que Bolinha o colocasse dentro de um veículo, apesar das ameaças.
- Monitoramos a saída do presídio, ele fazendo festa em sua casa. Depois, ele saiu de carro. Nós o seguimos. O empresário foi colocado dentro do veículo. Em um momento em que Bolinha parou o carro, os policiais aproveitaram para fazer a abordagem, mas ele arrancou – disse a delegada geral da Polícia Civil, informando ainda que o empresário [que também deveria ter sido preso pelo contato que manteve com o indiciado por meio ilegais] se jogou do carro em movimento, assim que a polícia [finalmente] iniciou a perseguição.
Apesar de acabar apontando que a facilitação da saída de Bolinha da cadeia contou com a sua própria ajuda, posto que sabia de toda a trama antes do acontecimento, Cristina Rezende disse ainda que a Polícia Civil do Maranhão não compactua com qualquer tipo de corrupção ou falta disciplinar ou crime que possa ser praticado dentro da corporação.


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